terça-feira, 8 de setembro de 2015

O MISTERIOSO ROMANCE DE SETE SÉCULOS


CAPÍTULO I

Aqueles dias em Florença eram tranquilos. Ainda faltavam alguns anos para acontecer um alvoroça na cidade, evento conhecido como a conspiração do Duomo ou Conspiração dos Pazzis. Atentado que leva a morte um dos governantes de Florença, Giuliano de Medíci. 
Mas antes, muito antes, eram tempos de glórias e de paixões. Tempos de Renascimento, tempos de artes e de novas descobertas. 
Carlotta sabia, como ninguém, o que era viver no século XV. Experimentava da sensação artística que ocupavam os atelies ao redor da cidade. 

A garota pertencia aos Pazzi, uma grande família de banqueiros florentinos. Veio de uma criação exigente, por isso era muito educada e sábia. Não era dona de uma beleza especial, motivo pelo qual passava despercebida entre os homens da cidade. Porém em seu rosto haviam traços fortes, bonitos, ou não, já que beleza é relativa. 

Ela costumava ir ao centro da cidade, duas vezes na semana. Geralmente de terça e sexta, pois sabia que poderia passar uma boa parte de seu dia conversando com Anna, a vendedora da barraca de artesanatos. Carlotta também sabia que o veria novamente, já que ele costumava ir até la todos os dias, com o seu amigo, para comprar pássaros na barraca ao lado.

A garota levou apenas duas semanas para apreciar aqueles olhos, escuros, mas atraentes, que a entrelaçavam em seu mistério. Seus amigos o chamavam de maestro, ele era bem disposto e sempre andava com um caderno de anotações. Tinha uma ótima aparência, e se conceito de estética é relativo ou não, bom, ele era relativamente lindo. E era assim que ela pensava!

O rapaz não tinha mais de 28 anos de idade e foi privilégiado com uma inteligência sem limites. As pessoas o respeitavam, inclusive Anna, que falava muito bem dele para Carlotta, deixando a garota ainda mais apaixonada. 

Passando uma semana da ultima vez que ela tinha o visto, ela o encontrou exatamente no mesmo lugar, em uma sexta-feira. Mas naquele dia, ele estava só. E ele fez o de costume, comprou um passarinho e antes de o deixar voar, abriu o seu caderno para desenhar os movimentos do voo, algo que aparentemente o fascinava muito. Quando finalmente soltou o pássaro, em menos de três segundos o bichinho caiu no chão. O rapaz olhou rapidamente ao lado e pediu para Carlotta segurar seu caderno para que ele pudesse buscar o passarinho, antes que alguém o esmagasse com os pés. 


A moça sentiu borboletas no estomago, porque até então os dois nunca haviam conversado. 

Depois ele pegou a caderneta novamente e agradeceu de forma muito educada. Carlotta assentiu e o parabenizou pelos desenhos que ela se atreveu a olhar. 
Com a voz tremula, ela disse: Estou deslumbrada pelos detalhes de seus desenhos. Parabéns, Da vinci! Então ele deixou um sorriso de agradecimento e partiu.

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